sábado, 21 de janeiro de 2012

Políticas Públicas de Saúde

Aprendizagem Formativa

Aprendizagem Formativa
(Simone, Thereza, Valdenice)

Ao pensar em formação da aprendizagem cita-se:

 "Aprender não é apenas aprender isso ou aquilo; é descobrir novos meios de pensar e de fazer diferente; é partir à procura do que poderá ser este “diferente”. É por isso que me arriscaria a dizer que o acto de aprender transformado em “acto de investigação” poderia permitir aos aprendentes desenvolver a sua criatividade, as suas habilidades, a sua capacidade de avaliação (auto-avaliação e co-avaliação, valor extraído e atribuído a...), a sua capacidade de comunicação e de negociação [...] (JOSSO, 2002, p. 184) 

E para exemplificar este trecho, um pensamento de Rubem Alves, que retrata a aprendizagem pelo olhar afetuoso e transformador de uma realidade.

"Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe contaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem de vir antes".

Permitindo esta busca da formação conforme fala Rubem Alves, ficamos mais instigados a novos conhecimentos. O processo de formação da aprendizagem busca cada vez mais formas interativas e participativas com o objetivo de despertar o elemento ativo e criador, permitindo possibilidades para a promoção e construção do conhecimento. Como diz o Professor Roberto Sidnei “transformar em realidades significativas para o sujeito”, isto nos faz refletir que a formação deve ser gratificante ao sujeito, deve permitir possibilidades de mudar a realidade em que se encontra facilitando as habilidades criadoras inerentes a ele próprio.
O processo de formação deve permitir relações recíprocas, onde aconteça troca de experiências e conhecimentos, isto é, o processo de formação por meio da interatividade permite alcançar uma dimensão coletiva fortalecendo a individualidade. Isto se reforça quando a formação é vista como uma prática social onde sujeitos se relacionam e se valorizam dentro de um contexto social. 
Observando a realidade, percebemos como a formação que acontece intencional, sem imposições contra o que cada um acredita flui de forma mais significativa. A troca de saberes, permitindo construção de saberes coletivos, permitindo uma consciência ética e verdadeira, sem subterfúgios.
A questão da formação da aprendizagem nos faz reconhecer que o processo de aprender e ensinar implica em instaurar propostas onde o aluno passa a ser o ator , o sujeito participativo e que precisa interagir com o professor e colegas para que o conhecimento seja um objeto a ser construído e elaborado.

“Requer esta dupla e incansável prospecção, por um lado, no que diz respeito aos sujeitos, às suas aquisições, suas capacidades, seus recursos, seus interesses, seus desejos e, por outro lado, no que diz respeito aos saberes que devem ser incessantemente percorridos, inventariados para neles descobrir novas abordagens, novas riquezas, novas maneiras de apresentação “.(MEIRIEU, 1998, p.75)

A compreensão dos processos de aprendizagem de professores demanda atentar para a experiência e conhecimentos que são construídos cotidianamente nos diferentes espaços e cenários de formação.
A aprendizagem para constituir-se formação necessita fazer sentido na vida e transformar o cotidiano, a página da vida é construída com interações e relações contínuas, na prática das ações do dia a dia. E como você lembra muito bem formação significa conjunto de atividades que visam a aquisição de conhecimentos, transformando o dia a dia. Lembrando Fernando Pessoa em o Guardador de rebanhos:

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
que tem uma criança se, ao nascer,
reparasse que nasceras deveras...
Sinto-me nascido a cada momento 
Para a eterna novidade do Mundo...

MEIRIEU, Philippe. Aprender... Sim, mas como? Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Compreendendo a Formação


O PARADIGMA DO PROFESSOR PROFISSIONAL-REFLEXIVO: UM OLHAR DIFERENCIADO SOBRE A FORMAÇÃO DOS PROFESSORES PARA A ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS


 Para o alfabetizador do século XXI e em específico o que convive em sua prática com a educação , torna-se imprescindível à vivência dos parâmetros que dão sustento a educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e a aprender a ser, pois a nova construção de educação exigida para hoje e amanhã requer dos seus envolvidos humanização, no seu sentido mais abrangente, buscando no domínio da do aprendizagem a percepção de um fazer cidadão que acione habilidades e competências e, além disso, que proporcione em seus espaços de convívio social o despertar de uma autonomia dotada de ação-reflexão, ações estas que modificam os comportamentos dos sujeitos envolvidos nesse processo de ensino-aprendizagem.
Pensar numa nova perspectiva de formação docente que não tem em seu contexto a dimensão afetiva e inclusiva como ponto de chegada, mas como fundamento que ressignifica o olhar para a prática pedagógica, exige um novo perfil de professor que se assume como articulador de seus ideais em sua própria comunidade e consegue através de sua ação potencializar desejos, sonhos, perspectivas e reflexões críticas.
A partir desta nova visão abrem-se possibilidades de um repensar que vai para além da atuação do profissional e chega também como necessidade de adequação das instituições que desejam protagonizar com qualidade, a modalidade de educação de jovens e adultos  dentro do paradigma educacional do século XXI. Esse professor profissional-reflexivo deve compreender que agir-pensar-analisar e agir são ações necessárias à constituição de um novo olhar, ações que dinamizem o aprendente, neste campo complexo e instigante, complexo porque além do educacional aparecem as questões sócio econômicas e instigante, porque revela resultados surpreendentes a partir da superação das condições de vida dos sujeitos para que se dê o efetivo exercício da cidadania e a participação atuante dos envolvidos no contexto social e político nas comunidades em que vivem.
Para autores como Freire (1997) e Perrenoud (1999), a educação significativa pressupõe um professor que atua como protagonista da Ação pedagógica, mostrando-se curioso, prestando atenção ao que o aluno diz ou não diz, faz ou não faz, colaborando para que ele seja capaz de articular seus conhecimentos prévios com os conhecimentos escolares. Estes últimos são aqui entendidos como conhecimentos institucionalizados que compõem programas de estudos explícitos ou que estão organizados, mas manifestos implicitamente.

A observação é o que me possibilita o exercício do aprendizado do olhar. Olhar é como sair de dentro de mim para ver o outro. É partir da hipótese do momento de educação que o outro está para colher dados da realidade, para trazer de volta para dentro de mim e repensar as hipóteses. É uma leitura da realidade pra que eu possa me ler.”
                                                                                                                   FREIRE, M. (1993


Ana Sheila Soares Mascarenhas
Rodrigo Pereira
Universidade Estadual de Feira de Santana

Saberes Diferentes